sábado, 30 de janeiro de 2016

The girl


E a menina chora, chora e chora e seu travesseiro já não suporta mais. Ela aperta a coberta na boca para que seus gritos fiquem abafados. As lágrimas queimam, não o seu rosto mas sim seu coração. Tudo parece pegar fogo dentro dela, enquanto a sua imagem jogada ao chão quase sem vida não sai da sua cabeça. Ela solta o edredon e com força aperta as unhas em suas pernas, até não conseguir mais. E depois de lutar muito contra sua mente suicída, ela dorme. A menina faz isso todos os dias, na esperança de um dia, poder dormir para sempre. Na esperança dos machucados sumirem. Na esperança da paz.

quarta-feira, 27 de janeiro de 2016

Snuff


Enterre todos os seus segredos na minha pele e afaste-se com inocência. O ar à minha volta ainda parece com uma gaiola e o amor é apenas uma camuflagem ao que se assemelha a raiva novamente. Então se você me ama, deixe-me ir e fuja antes que eu saiba. Meu coração ainda permanece triste demais para se importar e eu não  consigo destruir o que não existe. Aceito o meu destino. Se eu estou sozinha não tenho o que odiar. Meu sorriso foi tomado há muito tempo atrás. Se eu posso mudar, espero nunca saber. Ainda pressiono suas cartas em meus lábios e as estimo em partes de mim, que saboreiam cada beijo. Eu não poderia encarar uma vida sem a sua luz, mas tudo isso foi dilacerado, quando  você se recusou a lutar. Então poupe sua respiração, eu não a ouvirei. Eu acho que deixei isso muito claro. Você não poderia odiar o suficiente para amar, isso deveria ser o suficiente? O meu eu verdadeiro foi banido há muito tempo atrás, tive que perder as esperanças para te deixar partir. Então se quebre contra as minhas pedras e cuspa sua piedade em minha alma. Você  nunca precisou da ajuda de ninguém e você me vendeu para se salvar. Eu não ouvirei a tua versão.   Anjos mentem para manter o controle. Meu amor foi punido há muito tempo atrás e se você ainda se importa, não deixe que eu saiba. Adeus. 

quarta-feira, 13 de janeiro de 2016


"Se você olhar de perto, os meus olhos podem dizer mais do que você pensa.Um simples borrão pode se tornar algo, uma luz pode virar uma sombra ou o mundo pode ficar colorido"
"Olhe nos meus olhos"
Quando estou nervosa eu tenho essa coisa, sim, eu falo demais. Às vezes eu simplesmente não consigo calar a boca. É como se eu precisasse contar para alguém e pra qualquer um que vá escutar. E é aí que eu pareço ferrar com tudo. Sim, eu esqueço as consequências. Por um minuto que eu perco meus sentidos e no calor do momento as palavras começam a fluir. Mas eu nunca quis te machucar.
Eu sei que com o tempo vou aprender a tratar as pessoas que amo como eu quero ser amada isso é algo que tenho que aprender. E eu odeio ter te decepcionado e me sinto tão mal com isso. Eu acho que o carma vai voltar, porque agora eu sou a única que está sofrendo.E eu odeio ter feito você pensar que a confiança que tivemos foi quebrada. Então não me diga que você não pode me perdoar, porque ninguém é perfeito. Se eu pudesse voltar no tempo, eu juro, eu nunca teria cruzado aquela linha. Eu deveria ter mantido isso entre nós, mas então eu sento e percebo, com essas lágrimas caindo dos meus olhos , que eu nunca quis te machucar.             

Está na hora...

É chegada a hora de trocar de pele, sair do casulo, abandonar a armadura. É chegada a hora de sorrir por fora e chorar por dentro. É a hora de dramatizar a existência e lamentar as partidas. É a hora de desocupar as gavetas, a casa e o coração. Mudar, inverter. Eu arrasto bem os móveis da casa, mas me sinto bombardeada por sentimentos estranhos quando tento remover pessoas, não dá. Sempre preferi ouvir "adeus" por não saber lidar com a consciência pesada no meio da noite, caso eu dissesse. Porque, claro, é mais fácil culpar os outros pela nossa infelicidade do que ser totalmente responsável por ela. Eu evito colocar ponto final porque no final, ele acaba virando reticências. E dar continuidade ao sofrimento é masoquismo demais. Viro dor, viro solidão, viro qualquer coisa que me isole do mundo externo e faz eu me recolher no meu mundinho interiorizado. E em mim, só em mim, eu encontro as explicações, razões e motivos. 
Maldita quinzena que mais parece um século. Cansa viver, sobreviver, cansa ser humana. Então eu vou mudando minhas cores e me adaptando aos ambientes ou tentando ser invisível à eles. Me esforço pra ser boa, pra ser calma e continuar sendo eu. Reprimo minha mágoa na esperança de que ela suma, mas ainda falta alguns dias. A sensação azeda começa a passar, o amargo da vida tá querendo mudar o gosto e o soco no estômago não sufoca tanto quanto antes. Quando vi o nó na garganta já sumiu e eu estou aqui gritando minha felicidade. Essa sou eu. Vivo em ciclos, fases, fugindo em círculos. Fujo do medo de altura pulando de aviões. E continuo minha rotina mensal, quinzenal, sendo dor, alegria e me vestindo de sentimentos novos. Viver dá um trabalho do cão e ser nós mesmos, às vezes, dói demais

segunda-feira, 11 de janeiro de 2016

Prometo falhar

"- Comecei a te amar no dia em que te abandonei.

Foram as palavras dele quando, dez anos depois, a encontrou por mero acaso no café. Ela sorriu, disse-lhe «olá, te amo» mas os lábios só disseram «olá, está tudo bem?». Ficaram horas conversando, até que ele, nestas coisas era sempre ele a perder a vergonha por mais vergonha que tivesse naquilo que tinha feito (como é que fui te deixar? como fui tão imbecil a ponto de não perceber que estava em você tudo o que queria?), lhe disse com toda a naturalidade do mundo que queria levá-la para a cama. Ela primeiro pensou em esbofeteá-lo e depois amá-lo a tarde toda e a noite toda, em seguida pensou em fugir dali e depois amá-lo a tarde toda e a noite toda, e finalmente resolveu não dizer nada e, lentamente, escondendo as lágrimas por dentro dos olhos, abandonou-o da mesma maneira que ele a abandonara uma década antes. Não era uma vingança nem sequer um castigo — apenas percebeu que estava tão perdida dentro do que sentia que tinha de ir para longe dali para ir para dentro de si. Pensou que provavelmente foi isso o que lhe aconteceu naquele dia longínquo em que a deixara, sozinha e esparramada de dor, no chão, para nunca mais voltar.

- De tudo o que amo é você o que mais me apaixona.

Foram as palavras dela, poucos minutos depois, quando ele, teimoso, a seguiu até o fim da rua na hora do rush. Estavam frente a frente, todo mundo passando sem perceber que ali se decidia o futuro do mundo. Ele disse: «casei-me com outra para poder te amar em paz». Ela disse: «casei-me com outro para que houvesse um ruído que te calasse em mim». Na verdade nem um nem outro disseram nada disso porque nem um nem outro eram poetas. Mas o que as palavras de um («te amo loucamente») e as palavras de outro («te amo loucamente») disseram foi isso mesmo. 
A rua parou, então, diante do abraço deles."

"Prometo falhar" (versão brasileira) - bestseller, de Pedro Chagas Freitas."


sábado, 9 de janeiro de 2016

Coragem

Se eu tivesse coragem eu te contaria que sei de todas as suas manias, seus sonhos, seus planos e também dos seus medos. Te contaria que me pego sorrindo sozinha só porque pensei em você ou porque me lembrei de como você sorri com os olhos.Te contaria que ao menor sinal de preocupação você sempre procura a mesma saída, respirando bem fundo, na tentativa de enxergar um outro mundo, uma nova solução, uma outra saída.De como gosto quando você remexe o seu cabelo com os dedos. Te contaria que já viajamos o mundo dentro do mesmo quarto, caminhamos de mãos dadas, rimos de piadas sem graça, assistimos vários filmes, que fizemos alguns planos impossíveis.
Contaria que eu me apaixono pela mesma pessoa, todos os dias, há vários anos. Eu contaria que me reconheço em você, mas te contaria também que tenho medo de perceber que você não se reconhece em mim... 




 ...  

Não entendo esse seu medo de me dizer o que pensa. Se dê uma chance de viver o sim, o não ou o talvez, mas se dê essa chance. Não dói tanto assim viver a verdade. E se doer, não se preocupe, uma hora passa. Lute por mim. 
O pior você já faz...amar em silêncio é pura covardia. E essa dor, nunca passa.

terça-feira, 5 de janeiro de 2016

Time

Fique em silêncio por um instante e ouça o barulho que você não faz. Fique de cabeça baixa por um segundo e sinta falta do azul que se abre todas as manhãs e você, ocupado demais para ver, só nota quando ele já escureceu. Tudo o que eu sei sobre o tempo, é que ele passa. Não importa quão especial seja um instante, quão único seja o minuto, ele nunca acontecerá novamente. É único, irrecuperável e ainda assim nós, os "donos da verdade absoluta", não somos capazes de valorizar cada segundo que escorre pelas nossas mãos sem dizer adeus. E a gente passa a vida inteira buscando pela infinitude de coisas vãs, porque é mais fácil encontrar motivos ou razões na futilidade de ter, quando tudo o que basta é apenas ser. 

segunda-feira, 4 de janeiro de 2016

We must fight ?

Viver intensamente e loucamente e qualquer coisa parecida requer sacrifícios. E sempre haverá lutas, tropeços, quedas e vitórias. A vida não é só choro, como também não é só alegria. Cabe a nós fazer o melhor de cada momento, seja ele bom ou ruim. Aprenda o momento certo de investir e a hora certa de partir. Os verbos lutar e viver estão interligados, não fugimos deles. A nossa vida é uma constante luta e isso, de certa forma, é bom. Mas haverá momentos em que teremos que aceitar o nocaute, sarar a ferida e seguir em frente. Tenha em mente que ninguém valoriza o que consegue sem esforço, mas nem tudo vale tão a pena assim.


Me diz você, como está se sentindo nesse momento? É hora de persistir ou desistir?

domingo, 3 de janeiro de 2016

'Happy' New year Ago

Heráclito, um antigo filósofo disse que: "Ninguém entra em um mesmo rio uma segunda vez, pois quando isso acontece já não se é o mesmo, assim como as águas que já serão outras”.
É clichê dizer que todas as pessoas entram em nossas vidas, entram para nos ensinar exatamente aquilo que precisávamos aprender, mas a pergunta é: a gente realmente aprende ou finge que aprende? São tantas as desculpas que damos para os fins, justificando os meios. A culpa é quase sempre do outro, nessa visão gasta. Perdemos energia criticando ou nos justificando e não nos damos conta de que todos são culpados e inocentes, mas que isso não é o importante. O que importa, de fato, é aprender. De verdade, sem as máscaras que nos colocamos ou aquilo que colocamos nas costas do outro. O rio mudou? Quanto? Mas mudou mesmo?
É importante que, a cada nova curva (vide fins, términos e tempos) paremos para ouvir o som das águas. Aquela voz que vem lá de dentro, e que julga as situações com imparcialidade, nos questionando: onde foi que eu deixei-me poluir? Deixe-me, afinal? Quando foi que minhas águas foram puras? De tudo, em algum momento puderam me beber sem receios? O que houve de bom? O que houve de ruim? Quem sou eu de verdade? Repare: verdade não é aquilo que nos fizeram acreditar ou aquilo que queremos vender. Verdade é verdade. E você sabe qual é a sua.
O que o outro errou, é do outro, ele que faça suas próprias análises. Ele que faça o tratamento da própria água, se quiser matar a sede de alguém uma vez mais. Mas que possamos usar de honestidade com nós mesmos. Que no silêncio de nossa autoanálise possamos admitir: errei aqui, acertei ali e daqui em diante é assim que as águas vão rolar. 




sexta-feira, 1 de janeiro de 2016

Direções opostas

Ontem eu tive um sentimento estranho. Algo que se assemelhava a dor, felicidade, medo ou todos esses sentimentos misturados, não sei. Ontem eu me senti leve, pesada, rápida e devagar. Caminhei lentamente por entre pensamentos reais e uma realidade imaginária. Por onde estive? Ontem conversei sozinha e respondi minhas próprias perguntas, ri alto e chorei baixinho. Onde está a porcaria do equilíbrio necessário para uma vida tranquila? Eu preciso de respostas constantemente e a vida só me entrega novos formulários. Eu não sei responder nada. Ou talvez eu até saiba. Talvez eu finja que sei para não mostrar meu medo de pisar em falso e cair. É esse medo de errar nas pequenas escolhas e causar danos irreparáveis que me faz parar no nada e ter medo do tudo.
Ontem eu pensei no anteontem e nos sentimentos que eu não compreendo. Nos sentimentos que eu gostaria de saber descrever para talvez, quem sabe, entende-los melhor. Ontem eu quis que você estivesse aqui. Ontem eu percebi que estamos traçando caminhos opostos e que nada posso fazer pra mudar. Ontem eu quis te tirar da  minha cabeça, mas como fazer isso se toda vez que fecho meus olhos é seu rosto que eu vejo.