sexta-feira, 22 de fevereiro de 2019

Alguns dias doem mais que os outros. Certos acúmulos sempre inventam de jorrar na hora errada, quando não temos como escapar. Não adianta inventarmos fuga para mudar o assunto do pensamento. Não resolve. Não mais. Tudo vem a tona como uma tempestade que não respeita absolutamente nada. Não há um preparo anterior, um toque leve pra preparar o coração. Tudo acontece muito rápido e ficamos com aquela sensação de que fomos atropelados na própria via. Lembranças que começam a incomodar como se fosse um baque recente. A Sensação é de estranheza, porque dói e não entendemos o motivo. " Lugar sem comportamento é o coração", escreveu Manoel de Barros.
E como é teimoso as vezes, como um menino birrento que se joga no chão de um grande mercado. E lá vamos nós de volta a máquina do tempo em um rodopio involuntário. Rebobinamos fatos antigos, que doem mais quando a noite chega porque a sofreguidão do dia já se apagou e nos resta apenas sofrer em silêncio. A sensação de lidar com sentimentos tão contraditórios é uma viagem não planejada e indigesta, pois nunca estamos preparados para escutar os rumorejos do silêncio quando as luzes se apagam.